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Cronologia: as datas chave da tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder, segundo a Operação Tempo da Verdade

Por Redação em 10/02/2024 às 06:15:00
Foto: Reprodução internet

Foto: Reprodução internet

Da abertura do inquérito contra milicias digitais a descoberta de versões da "minuta do golpe", veja o que foi descoberto pela PF ano a ano. Cronologia: as datas chave da tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder

Operação da PolĂ­cia Federal (PF) Tempo da Verdade, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, encontrou indĂ­cios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados participaram da organização de uma tentativa de golpe de Estado para se manter no poder.

As informações obtidas a partir de mandados de busca e apreensão e da delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, colocam o ex-presidente no centro da trama golpista.

No gabinete de Bolsonaro na sede do PL, em BrasĂ­lia, a PF encontrou um documento com conteĂșdo golpista que anunciaria a decretação de um estado de sĂ­tio e a imposição da garantia da lei e da ordem no paĂ­s.

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Em reunião, general Heleno falou em 'virar a mesa' da eleição e infiltrar Abin nas campanhas em 2022; veja vĂ­deo

No notebook de Cid, a PF encontrou um vĂ­deo a gravação de uma reunião, em julho de 2022, em que Bolsonaro convoca seus ministros para discutir estratégias que evitassem derrota nas eleições.

Os investigados se uniram para disseminar notĂ­cias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro com objetivo de criar condições para invalidar a vitória de Lula na disputa de 2022.

Veja ano a ano, como Bolsonaro e aliados planejaram uma tentativa de golpe de Estado, segundo a Operação Tempo da Verdade.

2021

16 julho de 2021: o inquérito para investigar a atuação de milĂ­cias digitais com o objetivo de atentar contra a democracia e o Estado democrĂĄtico de direito é aberto.

2022

5 de julho de 2022: Bolsonaro convoca ministros para uma reunião onde falam sobre a tentativa de um golpe de Estado. O vĂ­deo da reunião foi encontrado pela PF no notebook do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

Veja Ă­ntegra do vĂ­deo da reunião em que Bolsonaro e ex-ministros discutem trama golpista

Na reunião de 5 de julho:

Bolsonaro disse: "Se a gente reagir depois das eleições vai ter um caos no Brasil".

"Não vai ter revisão do VAR. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições", diz General Heleno.

Em reunião, general Heleno falou em 'virar a mesa' da eleição

18 de julho de 2022: Bolsonaro reĂșne embaixadores e difama, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro. À época pré-candidato Ăš reeleição, Bolsonaro usou o PalĂĄcio da Alvorada e a estrutura do governo a fim de organizar uma apresentação para embaixadores de vĂĄrios paĂ­ses na qual repetiu suspeitas, jĂĄ desmentidas por órgãos oficiais, sobre as eleições de 2018 e a segurança das urnas eletrônicas.

30 de outubro de 2022: Lula vence o segundo turno das eleições e se torna presidente do Brasil pela terceira vez. Ao fim da apuração, Lula ficou com 50,90% (60,3 milhões de votos), e Bolsonaro, com 49,10% (58,2 milhões de votos).

11 de novembro de 2022: o tenente-coronel das Forças Especiais do Exército, Rafael Martins, conversa com Mauro Cid sobre manifestações em BrasĂ­lia. Segundo prints de conversa que constam em relatório da PF, Rafael Martins perguntou a Cid onde as manifestações deveriam ocorrer e questionou se as Forças Armadas assegurariam a permanĂȘncia dos participantes no local. A resposta de Cid foi positiva. Cid pediu a Martins que estimasse os custos de trazer pessoas para participarem da manifestação em BrasĂ­lia.

15 de novembro de 2022: radicais fazem manifestações com intenções glopistas em BrasĂ­lia no feriado da Proclamação da RepĂșblica.

28 de novembro de 2022: um documento encontrado em celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, tinha roteiro para um golpe de Estado. Cid fotografou e enviou como imagem para um contato salvo em sua agenda como "Major Cid - AJO Pr" neste dia. De acordo com a PF, "o envio, aparentemente, serviu como backup das imagens".

28 de novembro de 2022: o coronel Bernardo Romão CorrĂȘa Netto promove reunião com oficiais das Forças Especiais e envia minuta de uma carta para pressionar comandante do Exército.

9 de dezembro de 2022: Bolsonaro recebe e devolve minuta do golpe que prevĂȘ prisão de Moraes e novas eleições.

9 de dezembro de 2022: o general Theophilo Oliveira, do Comando de Orientações Especiais, coloca tropas à disposição para golpe. A investigação da PF aponta que o general, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, se reuniu com Bolsonaro no PalĂĄcio da Alvorada e se colocou à disposição para aderir ao golpe de Estado, segundo conversas obtidas no celular de Cid. A condição de Theóphilo para aderir ao golpe e colocar tropas especiais nas ruas seria que Bolsonaro assinasse a minuta que determinasse o golpe de Estado.

14 de dezembro de 2022 a 31 de dezembro: o ministro do STF Alexandre de Moraes é monitorado pelos investigados.

15 de dezembro de 2022: o general Braga Netto chama comandante do Exército de "cagão". Candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, o general pediu a cabeça do então comandante do Exército, general Freire Gomes, por não aderir ao movimento golpista.

30 de dezembro de 2022: Bolsonaro deixa o Brasil e viaja para a Flórida. Com a viagem, o ex-presidente deixou claro que não passaria a faixa presidencial para Lula no evento da posse.

2023

1Âș de janeiro de 2023: Lula toma posse como novo presidente da RepĂșblica.

8 de janeiro de 2023: Golpistas invadem e destroem as sedes dos TrĂȘs Poderes em BrasĂ­lia. Em ataque à democracia sem precedentes na história do Brasil, os golpistas quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.

30 de março de 2023: Bolsonaro volta ao Brasil. Recebido pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, pelo senador FlĂĄvio Bolsonaro (PL-RJ) e pelo ex-ministro Braga Netto, o ex-presidente diz que os integrantes do atual governo "não vão fazer o que bem querem com o futuro da nossa nação".

30 de junho de 2023: TSE condena Bolsonaro e o declara inelegĂ­vel por oito anos. Ele foi condenado por abuso de poder polĂ­tico e uso indevido dos meios de comunicação pela realização de uma reunião com embaixadores estrangeiros, no PalĂĄcio da Alvorada, na qual difamou sem provas o sistema eleitoral brasileiro. Com a decisão, a Corte declarou o ex-presidente inelegĂ­vel até 2030.

9 de setembro de 2023: Mauro Cid fecha acordo de delação premiada. Moraes homologou o acordo de colaboração premiada. O ministro também concedeu liberdade provisória ao ex-ajudante de Bolsonaro, com cumprimento de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, limitação de sair de casa aos fins de semana e também à noite, e afastamento das funções no Exército.

18 de outubro de 2023: a CPI dos Atos Golpistas pede indiciamento de Bolsonaro e mais 60 pessoas. A comissão atribuiu quatro crimes ao ex-presidente, entre eles, tentativa de golpe de Estado. Um parecer aprovado por 20 votos a 11 também destacou envolvimento de militares.

2024

8 de fevereiro de 2024: a PF faz operação contra militares, ex-ministros e ex-assessores de Bolsonaro. Investigação tenta elucidar a participação dessas pessoas nos atos golpistas de 8 de janeiro. Ao todo, foram 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva.

8 de fevereiro de 2024: Bolsonaro é obrigado a entregar o passaporte.

8 de fevereiro de 2024: PF encontra na sede do PL documento com argumentos para decretar estado de sĂ­tio. O documento é uma espécie de discurso, por escrito, que sustenta que a ruptura do Estado DemocrĂĄtico de Direito estaria "dentro das quatro linhas da Constituição", expressão muito usada por Bolsonaro em atos e discursos pĂșblicos quando presidente.

Fonte: G1

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