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Decreto quer dar segurança para atuação policial, diz secretĂĄrio

Por Redação em 26/12/2024 às 19:28:28
Foto: Agência Brasil - EBC

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O secretĂĄrio nacional de Segurança PĂșblica, MĂĄrio Sarrubbo, afirmou que o decreto que o governo federal publicou na Ășltima terça-feira (24) para regulamentar o uso da força durante operações policiais não busca dificultar o enfrentamento à criminalidade no Brasil.

"Ninguém aqui estĂĄ querendo inibir a ação dos policiais. Muito pelo contrĂĄrio. Queremos dar total segurança para que o policial possa fazer o uso correto da força. E para que, se precisar usar arma de fogo, ele esteja absolutamente tranquilo", declarou o secretĂĄrio à AgĂȘncia Brasil, nesta quinta-feira (26).

Segundo Sarrubbo, o Decreto nÂș 12.341 é o resultado de um debate que contou com a participação de representantes estaduais e das forças de segurança de todo o paĂ­s, bem como de organizações da sociedade civil e especialistas em segurança pĂșblica, além de atualizar normas jĂĄ existentes.

"O que fizemos foi atualizar a portaria de 2010, trazendo-a para os dias de hoje, segundo uma outra lógica da criminalidade, uma vez que, hoje enfrentamos o crime organizado e, em muitas cidades, [o uso de] fuzis é uma realidade", disse Sarrubbo, referindo-se à Portaria Interministerial nÂș 4.226, de 2010, que estabelece parâmetros para o uso da força por agentes de segurança pĂșblica.

De acordo com o secretĂĄrio, o objetivo do decreto é priorizar o uso escalonado da força. "Nesse escalonamento da força, a arma letal deve ser a Ășltima opção. Ela deve ser reservada para situações estritamente necessĂĄrias. Agora, lógico que não queremos que o policial corra riscos. Sabemos que, muitas vezes, ele é recepcionado com tiros de fuzis", acrescentou o secretĂĄrio.

Ele lembra que hĂĄ situações em que os policiais vão precisar usar a arma de fogo, mas ele terĂĄ que andar também com uma arma não letal, para atuar quando abordar, por exemplo, alguém em surto ou uma pessoa desarmada que tente atacĂĄ-lo.

Além de proibir o uso de armas de fogo contra pessoas desarmadas, o decreto presidencial reforça que o nĂ­vel de força empregada pelos agentes de segurança pĂșblica deve ser compatĂ­vel com a gravidade da situação e que os órgãos e profissionais de segurança pĂșblica devem assumir a responsabilidade pelo eventual uso inadequado da força.

De acordo com Sarrubbo, a maioria das forças policiais do paĂ­s jĂĄ atua desta forma, respeitando procedimentos operacionais semelhantes. Uma novidade, contudo, é a obrigatoriedade de os policiais receberem, anualmente, capacitação sobre o uso de instrumentos não letais.

"O policial não é obrigado a tomar uma surra, mas pode e deve usar a arma não letal, detendo o criminoso com a mĂ­nima consequĂȘncia fĂ­sica", argumentou Sarrubbo.

O Ministério da Justiça e Segurança PĂșblica deverĂĄ detalhar os procedimentos previstos no decreto por meio de uma portaria ministerial a ser publicada em até 90 dias, mas, segundo Sarrubbo, a expectativa é que isso ocorra logo nas primeiras semanas de janeiro.

Governadores

O secretĂĄrio nacional também rebateu as crĂ­ticas de governadores que acusam o governo federal de interferir na autonomia dos estados, cujos governantes respondem pela ação das polĂ­cias civis e militares.

Nesta quarta-feira (25), o governador do Rio de Janeiro, ClĂĄudio Castro, anunciou que entrarĂĄ com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto. Para Castro, limitar que policiais em serviço usem suas armas revela um total desconhecimento da realidade enfrentada pelos estados.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, também considera que a norma é uma interferĂȘncia do governo federal na autonomia dos estados e do DF, e fere a Constituição.

Segundo Sarrubbo, os estados que não quiserem adotar a portaria, não poderão usar os recursos do Fundo Nacional de Segurança PĂșblica.

"Ninguém estĂĄ obrigando os estados a seguirem essas regras, mas o estado que quiser utilizar verbas do Fundo Nacional de Segurança PĂșblica para, por exemplo, comprar armamentos, terĂĄ sim que se adaptar", disse o secretĂĄrio, ressaltando que o governo estĂĄ agindo em perfeito acordo com a lei do Sistema Único de Segurança PĂșblica (Susp).

O secretĂĄrio lembrou recentes episódios de excesso do uso da força pelas polĂ­cias, como o caso do estudante de medicina que estava em surto psicótico, desarmado, e foi alvejado por um policial militar e da jovem que foi alvejada pela PolĂ­cia RodoviĂĄria Federal quando estava estava indo comemorar o Natal com a famĂ­lia.

Ele também citou o caso mais recente, ocorrido na madrugada desta quarta-feira (25), em São Paulo, onde um policial militar disparou à queima-roupa contra um rapaz de 24 anos durante a desobstrução de uma rua. Segundo a secretaria estadual de Segurança PĂșblica, o agente afirmou que atirou quando o jovem tentou apanhar a arma de outro militar.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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