Mercado espera anĂșncio de plano de redução de despesas. Objetivo é sinalizar que novas regras para as contas pĂșblicas são sustentĂĄveis no longo prazo e não correm risco. As contas da PrevidĂȘncia Social fecharam o mĂȘs de setembro com um rombo de R$ 26,2 bilhões, segundo dados do ministério obtidos pela TV Globo.
Isso significa que o governo federal gastou bem mais, para pagar aposentadorias e pensões, do que conseguiu arrecadar para bancar esses benefĂcios.
Com o resultado de setembro, o déficit da PrevidĂȘncia no ano acelerou: ficou quase 20% maior do que no mesmo mĂȘs do ano passado, que foi de R$ 21,9 bilhões.
A comparação é em termos reais, ou seja, jĂĄ desconta o impacto da inflação do perĂodo.
Os dados do Ministério da PrevidĂȘncia Social se referem ao chamado "regime geral", que inclui aposentadorias, pensões e benefĂcios de trabalhadores do setor privado.
O rombo da PrevidĂȘncia é o principal item nas despesas das contas federais.
Os nĂșmeros revelam a dificuldade do governo de controlar gastos obrigatórios, especialmente com aposentadorias, em meio à pressão para fazer ajuste fiscal.
O governo prepara um pacote de medidas para tentar manter de pé o arcabouço fiscal, ou seja, as regras atuais que regem as contas pĂșblicas. Sem elas, cresce a percepção de descontrole fiscal e alta maior no endividamento.
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No acumulado até agosto, o déficit jĂĄ somava R$ 239,6 bilhões – um aumento de 1,5% em relação a 2023.
Com o salto registrado em setembro, no entanto, a comparação piorou. Agora, 2024 tem um resultado 3,1% pior que o ano anterior.
Procurado, o Ministério da PrevidĂȘncia não respondeu aos questionamentos do g1 sobre os motivos para esse déficit.
A meta do governo federal é encerrar o ano com as contas no vermelho, mas dentro da margem permitida pelo arcabouço fiscal. Isso significa um rombo mĂĄximo de R$ 28,3 bilhões.
Aperto em despesas
O governo debate um plano para reduzir despesas e manter a sustentabilidade do arcabouço. Com isso, espera ganhar confiança do mercado.
O ajuste fiscal também tem sido citado pelo Banco Central, que nesta quarta-feira (6) elevou a taxa bĂĄsica de juros, a Selic, de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano.
O plano em estudo prevĂȘ que algumas despesas passem a ser corrigidas pela mesma regra do arcabouço fiscal.
No arcabouço fiscal hĂĄ um limite para as despesas. Elas não podem subir mais do que 70% da alta da receita, e não podem avançar mais do que 2,5% por ano, acima da inflação.
A ideia é que, por meio de uma PEC (proposta de emenda à Constituição), mais despesas passem a ter esse teto de crescimento. A alta de alguns gastos acima do previsto no arcabouço pode acabar pressionando ainda mais o espaço para o funcionamento da mĂĄquina pĂșblica e investimentos.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o anĂșncio pode ser feito nesta quinta-feira (7). O governo deverĂĄ apresentar uma PEC e um projeto de lei complementar. Ou seja, depende de apoio no Congresso Nacional.
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Ministros do governo dizem que o plano fiscal não deve colocar um limite para despesas com PrevidĂȘncia.
"O Ministério da PrevidĂȘncia não tem o que cortar, porque as despesas são obrigatórias, são despesas constitucionais jĂĄ previstas no Orçamento", afirmou o chefe da pasta, Carlos Lupi, nesta terça-feira (5).
Porém, o governo tem alertado para o aumento no nĂșmero de pessoas que recebem o BPC (BenefĂcio de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiĂȘncia.
A quantidade de beneficiĂĄrios subiu de 5,1 milhões no inĂcio desse governo Lula para 6,2 milhões em setembro.