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Parlamentares do P20 defendem cotas de gĂȘnero para empoderamento polĂ­tico feminino

Por Camara dos Deputados em 06/11/2024 às 19:58:56

Parlamentares brasileiras e estrangeiras defenderam nesta quarta-feira (6) a implementação de leis de paridade de gĂȘnero para impulsionar o empoderamento polĂ­tico feminino.

Essa foi a principal linha de ação proposta pelas debatedoras quando se discutiu o tema "Mulheres no Poder: ampliando a representatividade feminina em espaços decisórios". O evento tratou da Carta de Alagoas, que prevĂȘ o aumento da participação das mulheres nas decisões polĂ­ticas, o combate à crise climĂĄtica e a promoção de igualdade econômica e produtiva.

O documento foi articulado na 1ÂÂȘ Reunião das Mulheres Parlamentares do P20, em julho, em Maceió (AL), e estabelece recomendações que deverão ser seguidas pelos Legislativos dos paĂ­ses integrantes do G20.

Para a presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul), Fabiana MartĂ­n, a principal expectativa é que o governo brasileiro, assim como outros paĂ­ses sul-americanos, reconheçam as polĂ­ticas de empoderamento da mulher como um tema-chave do grupo, diante de sua importância para a emancipação feminina.

"Temos de desenvolver as redes de apoio e solidariedade e de visibilidade em reconhecimento do triunfo de uma e de outra mulher, ou seja, motivarmos a nós mesmas ressaltando o trabalho realizado por essas mulheres que chegaram nestes espaços", disse.

Ela destacou o resultado da lei de paridade de gĂȘnero na Argentina, que atualmente tem 45% de assentos na Câmara dos Deputados ocupados por mulheres; no Uruguai, com 23% da participação feminina no parlamento; e no Brasil, que alcançou crescimento de 18% de representatividade na Câmara dos Deputados nas Ășltimas eleições.

Bruno Spada/Câmara dos Deputados 2ÂÂȘ Sessão de Trabalho - 2nd Working Session - 2ÂÂȘ Sesión de trabajo. ParlAmericas President, Blanca Margarita Ovelar De Duarte Blanca Margarita Ovelar de Duarte, senadora do Paraguai e presidente do ParlAmericas

Na mesma direção de defesa das cotas de gĂȘnero para ampliar os espaços polĂ­ticos, falou a presidente do ParlAmericas, Blanca Margarita Ovelar de Duarte. "Não seria senadora no meu paĂ­s, Paraguai, se não fosse pelas cotas de gĂȘnero e, no meu paĂ­s, nós não chegamos nem a 20% da representatividade, enquanto na América Latina temos 35% de participação das mulheres nas legislaturas", disse.

"A equidade e o acesso ao poder ainda é uma utopia e deveria ser uma utopia dinamizante que nos leva a continuar lutando, porque ainda nos falta muito", frisou a chefe do organismo internacional que reĂșne parlamentos do sistema interamericano.

A parlamentar portuguesa PatrĂ­cia Faro, por sua vez, falou que a aplicação da lei da paridade em 2019 levou o paĂ­s a obter patamar de 40% de paridade nos cargos polĂ­ticos. "É necessĂĄrio existir medidas especiais, ainda que temporĂĄrias, e ações positivas que servem para favorecer a igualdade, não devendo essas medidas serem consideradas atos discriminatórios", disse.

A presidente do Parlamento de Angola, Carolina Cerqueira, também defendeu a equiparação. Ela informou que o Parlamento angolano é composto por 87 deputadas, com 39,5% de representatividade feminina. "É crucial a aprovação de leis da paridade que introduzam cotas de gĂȘnero nos cargos de nomeação polĂ­tica e administrativa tanto em nĂ­vel local quanto na liderança das grandes empresas estatais estratégicas", disse.

"É igualmente essencial estabelecer mecanismos robustos de implementação dessas regras", complementou.

A parlamentar angolana citou as listas de revezamento, chamadas listas zebras, que permitem a alternância de gĂȘnero nos cargos pĂșblicos.

PolĂ­ticas brasileiras
A procuradora da Mulher da Câmara dos Deputados, deputada Soraya Santos (PL-RJ), destacou resultados das polĂ­ticas de equiparação de gĂȘnero nas Ășltimas eleições municipais brasileiras.

"Nas eleições deste ano, apesar de ter sido tĂ­mido o percentual das prefeitas eleitas, hĂĄ de se destacar que elas deixaram as cidades de menor densidade populacional e menor PIB e passaram para as grandes cidades, o que demonstra uma mudança qualitativa no eleitorado", disse.

Bruno Spada/Câmara dos Deputados 2ÂÂȘ Sessão de Trabalho - 2nd Working Session - 2ÂÂȘ Sesión de trabajo. Deputada do Brasil, Soraya Santos (PL - RJ) Soraya Santos, procuradora da Mulher da Câmara dos Deputados

Na mesma linha, a senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO), defendeu "ações palpĂĄveis" para promover a diversidade no Parlamento. "No Senado, hoje a Mesa não tem nenhuma mulher na sua representação. Esse é o desafio que nós, brasileiros e brasileiras, temos de enfrentar, uma vez que somos mais de 50% da população", afirmou.

Outras medidas de equidade
No CanadĂĄ, as mulheres ocupam 55% das cadeiras no Senado e 30,6% na Câmara. Não hĂĄ cotas para a representação de mulheres nos partidos polĂ­ticos, e os senadores são indicados pelo governador-geral sob recomendação do primeiro-ministro.

A presidente do Senado do CanadĂĄ, Rayonde Gagné, informou que o Congresso canadense adotou uma série de medidas para promover a igualdade de gĂȘnero, entre elas a licença-maternidade de 12 meses e a permissão para que congressistas levem seus filhos ao trabalho.

Ainda assim, ela reconheceu que é preciso avançar. "Ainda hĂĄ obstĂĄculos que podem impedir as mulheres de participar nesses corpos decisórios, considerando entre outras coisas a cultura parlamentar e a violĂȘncia baseada em gĂȘnero contra mulheres nas polĂ­ticas", observou.

Fonte: Câmara dos Deputados

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