A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que determina o uso de tecnologia em celulares para acionamento de emergĂȘncia do nĂșmero telefônico de denĂșncia de violĂȘncia contra a mulher. O projeto também prevĂȘ pena especĂfica para quem capta fotografia ou vĂdeo das partes Ăntimas de outra pessoa sem seu consentimento prévio. É o caso, por exemplo, de homens que fotografam mulheres discretamente por baixo de suas saias em veĂculos pĂșblicos.
A pena atribuĂda para esse ato serĂĄ a mesma daquela para quem produz, fotografa, filma ou registra, por qualquer meio, conteĂșdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de carĂĄter Ăntimo e privado sem autorização dos participantes: detenção de 6 meses a 1 ano e multa.
De autoria do deputado José Guimarães (PT-CE), o Projeto de Lei 583/20 foi relatado pela deputada Silvye Alves (União-GO). A proposta foi aprovada nesta segunda-feira (4) no PlenĂĄrio da Câmara e serĂĄ enviada ao Senado.
Silvye Alves afirmou que a legislação deve abordar novas realidades, como a captação e divulgação de imagens não autorizadas de partes Ăntimas de uma pessoa, prĂĄtica conhecida como upskirting. "Temos que dar a resposta necessĂĄria às novas dinâmicas sociais e tecnológicas e reforçar a importância do consentimento em todas as interações, especialmente naquelas que envolvem a captura de imagens", disse.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados José Guimarães, autor do projeto de leiNo entanto, o texto aprovado faz referĂȘncia à captura de "cena sensual ou libidinosa" em locais pĂșblicos ou privados, mesmo que as vĂtimas usem roupas que não possibilitem a exposição explĂcita de parte Ăntimas de seu corpo, possibilitando lacunas de interpretação sobre o que seria sensual ou libidinoso.
O deputado Delegado da Cunha (PP-SP) ressaltou que, muitas vezes, quando se quer agredir uma mulher, o agressor tira fotos escondidas e as manipula. "Não dĂĄ mais para se admitir usar a imagem da mulher para atacar a própria mulher", afirmou.
O autor da proposta, deputado José Guimarães, elogiou as mudanças ao texto original, como a previsão de punição da prĂĄtica no Código Penal. "Estamos votando um projeto importante nesta luta permanente de enfrentamento da violĂȘncia contra a mulher. Isso também é uma violĂȘncia, coberta, que acontece em diversos espaços no PaĂs", disse.
A procuradora da Mulher na Câmara, deputada Soraya Santos (PL-RJ), afirmou que a proposta traz aprimoramento à Lei Carolina Dieckman. "As leis precisam ser questionadas sobre sua efetividade", declarou.
Fonte: Câmara dos Deputados