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Abin paralela: diálogos indicam que servidores investigados sabiam da 'minuta do golpe', diz PF

Policial cedido à Presidência questionou a militar do Exército cedido à Abin, no fim de 2022, se Bolsonaro não assinaria 'a porra do decreto'.

Por Redação em 11/07/2024 às 13:58:41
Foto: YouTube

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Policial cedido à Presidência questionou a militar do Exército cedido à Abin, no fim de 2022, se Bolsonaro não assinaria 'a porra do decreto'. PF investiga, em outro inquérito, rascunho de decreto golpista para reverter derrota de Bolsonaro nas eleições daquele ano. 'Abin paralela': Investigações apontam que delegado usava grupo para compartilhar informações falsas

As investigações da Polícia Federal sobre o uso ilegal de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificaram que alguns dos supostos envolvidos no esquema tinham conhecimento de outras irregularidades em investigação – por exemplo, a "minuta do golpe" que circulou no governo Jair Bolsonaro.

?? Nesta quinta, a PF prendeu quatro suspeitos de integrar a chamada "Abin paralela" – esquema que usava sistemas de contratos regulares da Abin para espionar, sem aval judicial, jornalistas, autoridades e desafetos do governo Bolsonaro na gestão Alexandre Ramagem.

Entre os presos, estão o policial federal Marcelo Araujo Bormevet, que foi cedido à Abin e à Presidência da República na gestão Bolsonaro; e o militar do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, à época também na Abin.

Durante a apuração, a PF interceptou mensagens trocadas entre eles que incluem – nas palavras dos investigadores – "referências relacionadas ao rompimento democrático" e "no mínimo, potencial conhecimento do planejamento das ações que culminaram na construção da minuta do decreto de intervenção".

?? A "minuta do golpe", como ficou conhecida, é o rascunho de um decreto golpista encontrado na casa do ex-ministro Anderson Torres, no fim de 2022.

?? A existência da minuta foi revelada à PF na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O texto incluía ordens de prisão contra ministros do Supremo Tribunal Federal e a anulação das eleições de 2022, caso Bolsonaro não conseguisse a reeleição.

Os diálogos interceptados pela PF indicam que policiais federais da "Abin paralela" conheciam a existência do decreto.

Em 21 de dezembro de 2022 – nas últimas semanas do governo Jair Bolsonaro –, Marcelo Bormevet atuava na Presidência da República, e Giancarlo Rodrigues, na Abin.

Bormevet questiona sobre a possibilidade de Bolsonaro assinar, nas palavras dele, "a porra do decreto".

"O Nosso PR imbrochável já assinou a porra do decreto?", pergunta Bormevet.

"Assinou nada. Tá foda essa espera, se é que vai ter alguma coisa", responde Rodrigues.

"Tem dia que eu acredito que terá, tem dia que não", comenta Bormevet, em seguida.

Entenda o que é e para que serve a Abin

Na avaliação da PF, o diálogo indica que as "ações clandestinas" da Abin paralela:

têm conexão com outros inquéritos no STF;

se situam no "nexo causal dos delitos que culminaram na tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito".

Cinco mandados de prisão

Segundo a PF, na fase da Operação Última Milha deflagrada nesta quinta, os policiais cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).

São alvos dos mandados de prisão e de busca e apreensão:

Mateus de Carvalho Sposito;

Richards Dyer Pozzer;

Rogério Beraldo de Almeida;

Marcelo Araújo Bormevet;

Giancarlo Gomes Rodrigues.

Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Isso, porque a Operação Última Milha começou a partir das investigações do inquérito das fake news.

Na decisão, Moraes também determina que os investigados não podem conversar entre si.

De acordo com a PF, investigadores descobriram que "membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas".

"A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos", diz a PF.

Espionagem da Abin: Veja nomes de autoridades e jornalistas espionados, segundo PF

Se as condutas forem confirmadas, os investigados podem ser indiciados pela Polícia Federal e, em seguida, denunciados à Justiça.

A PF vê, de forma preliminar, possíveis crimes de:

organização criminosa;

tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito;

interceptação clandestina de comunicações;

invasão de dispositivo informático alheio;

Fonte: G1

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